Associados Previ Associados Previ
0 Share
FacebookTwitterlinkedinPinterestRedditStumbleuponTumblr
ArtigosNotíciasPrevidência pública

100 anos de Previdência Social no Brasil e muitos desafios pela frente

30 de janeiro de 20233 de fevereiro de 2023
100 anos de Previdência Social no Brasil e muitos desafios pela frente


Por Marcel Barros

Neste ano, a primeira legislação de previdência social brasileira completa 100 anos. A aclamada Lei Eloy Chaves, de 1923, criou a Caixa de Aposentadorias e Pensões dos empregados das empresas ferroviárias, na época fundamentais para o escoamento da produção cafeeira e de minério até os portos. A esmagadora maioria da população continuava sem acesso à aposentadoria, condenada a trabalhar até o final dos dias.

A partir deste marco inicial, a previdência social brasileira incluiu gradativamente segmentos crescentes da população.

Por pressão de sindicatos, na década seguinte foram criadas outras caixas de aposentadoria com custeio patronal e do trabalhador, para atender categorias profissionais como bancários, portuários, servidores públicos, industriários. As Caixas passaram a ser administradas pelo poder público e começaram a garantir também a assistência à saúde. A maioria da população urbana continuava desassistida, assim como os trabalhadores rurais. Em 1940, nada menos que 68% dos brasileiros moravam e trabalhavam na zona rural.

Na década de 1960 as caixas de aposentadoria foram unificadas em um só instituto de previdência, mas a cobertura até o final da ditadura militar, em 1985, era garantida somente para aqueles que contribuíam para o Instituto. O conceito era o de seguro social: somente quem contribuía era atendido.

A derrubada da ditadura e a efervescência do movimento sindical, popular, estudantil e o clamor pela democracia desembocaram na Constituição de 1988, que adotou o conceito de seguridade social, tornando a Previdência Social pública, universal e obrigatória. Foram incluídos os trabalhadores rurais, bastava comprovar tempo de serviço para se aposentar.

Nas décadas seguintes os governos progressistas estenderam a cobertura previdenciária à população de baixa renda, via benefícios de assistência social, aos trabalhadores domésticos e aos chamados microempresários individuais, os milhões de brasileiros que sobrevivem trabalhando de bico, na economia informal.

Graças a subsídios cruzados entre segmentos e gerações e às contribuições patronais, a maioria dos que hoje recebem benefício nada contribuíram ou não recolheram o suficiente para garantir sua aposentadoria: rurais, aposentados por idade, pensionistas, beneficiários de assistência social.

Desde 1988, o custeio é atribuído às empresas – contribuições sobre a folha de pagamento e sobre o lucro e contribuições específicas para o financiamento da seguridade social. De 2003 a 2016 a Previdência Social foi superavitária, com arrecadação turbinada pelo crescimento econômico e pelo aumento do contingente de trabalhadores na economia formal, com carteira assinada e recolhimento previdenciário.

A reforma trabalhista de Temer e a previdenciária de Bolsonaro, o caos econômico provocado pelos dois governos e o crescimento avassalador do trabalho informal, sem contribuição previdenciária, comprometem o financiamento da seguridade social e dificultam o acesso do trabalhador à sua aposentadoria. O número de beneficiários permanece (36 milhões hoje) enquanto a arrecadação vai diminuindo. O governo anterior, inimigo da população, buscava o equilíbrio financeiro excluindo contingentes cada vez maiores, projetando para o futuro a redução do percentual de idosos com acesso a benefícios previdenciários.

Apesar do processo de destruição patrocinado pelos dois últimos governos, cerca de 90% dos idosos acima de 65 anos recebem aposentadoria, pensão ou benefício de assistência social do sistema público ou dos regimes próprios dos servidores. Um nível de cobertura comparável ao de países europeus.

O governo que assumiu em 1º de janeiro deve retomar o caminho de inclusão construído a duras penas nos últimos 100 anos, revendo muitos pontos da reforma previdenciária, para que volte a se tornar de fato universal. Tarefa nada fácil, sabemos.

Além disso, esperamos uma reforma tributária que aumente a taxação de milionários e bilionários, que hoje não pagam imposto sobre dividendos, pagam impostos ridículos sobre ganhos financeiros, propriedades e transmissão de bens por herança, além de contribuir, para o Imposto de Renda, com os mesmos 27,5% de um trabalhador de classe média. Tributação progressiva, taxando os mais ricos para garantir a sobrevivência dos mais pobres.

  • Marcel Barros é presidente da Associação Nacional de Participantes de Fundos de Pensão e Autogestão de Saúde e ex-diretor eleito de Seguridade da Previ

(Artigo publicado originalmente no site www.anapar.com.br)

0 Share
FacebookTwitterlinkedinPinterestRedditStumbleuponTumblr
AnaparMarcel BarrosPrevidência social
Prev Post

Kelly Quirino é eleita para o Caref com 60% dos votos válidos

Next Post

Novo regulamento do Previ Futuro entra em vigor e já traz vantagens aos associados

More posts

Começa votação do Relatório Anual da Cassi; eleitos e entidades orientam pela aprovação
Destaque

Começa votação do Relatório Anual da Cassi; eleitos e entidades orientam pela aprovação

17 de maio de 202517 de maio de 2025
Resultados de março dos planos administrados pela Previ confirmam solidez e boa governança
GovernançaNotíciasPlano 1Previ Futuro

Resultados de março dos planos administrados pela Previ confirmam solidez e boa governança

15 de maio de 202517 de maio de 2025
Em ‘Encontro Previ Integração’, presidente da Anapar defende protagonismo dos associados na governança dos fundos
GovernançaNotícias

Em ‘Encontro Previ Integração’, presidente da Anapar defende protagonismo dos associados na governança dos fundos

9 de maio de 202515 de maio de 2025

Leave a Reply Cancel Reply

You must be logged in to post a comment.


Últimas Notícias

  • Começa votação do Relatório Anual da Cassi; eleitos e entidades orientam pela aprovação
  • Resultados de março dos planos administrados pela Previ confirmam solidez e boa governança
  • Em ‘Encontro Previ Integração’, presidente da Anapar defende protagonismo dos associados na governança dos fundos
  • Previ lança o Pré-Aposentadoria, novo perfil do Previ Futuro indicado para quem está perto da saída
  • Diretoria da Previ faz nesta quarta 30, em Salvador, apresentação do resultado dos planos

Escolha seu assunto

Nossos dirigentes eleitos

Diretoria
Associados Previ Associados Previ
  • Página Inicial
  • Quem somos
  • Contato
Política de privacidade / Associados Previ © 2020 / Todos os direitos reservados