Associados Previ Associados Previ
Ameaças externasArtigosNotícias

Governo volta a atacar trabalhadores e seus fundos de pensão

8 de março de 20229 de março de 2022
Governo volta a atacar trabalhadores e seus fundos de pensão

Marcel Barros e José Ricardo Sasseron

O jornal Valor Econômico noticiou, na última semana, que o Ministro da Economia, Paulo Guedes, prepara projeto de lei a ser apresentado ao Congresso Nacional pelo presidente Bolsonaro para permitir a participantes de fundos de pensão – patrocinados por empresas ou órgãos públicos – que escolham entre aderir ao plano de previdência da entidade fechada de previdência complementar (EFPC) patrocinada ou ao plano de uma entidade aberta, ou seja, de um banco privado.

Segundo a matéria, seria aberta a alternativa de portar, ou seja, retirar os recursos das entidades fechadas e levá-los para os bancos. O objetivo seria permitir aos participantes fugirem de “interferências políticas”.

Interferência política é abrir a porteira para a boiada dos banqueiros passar e abocanhar cerca de R$ 550 bilhões – hoje administrados pelos fundos de pensão (EFPC) patrocinados por empresas estatais ou por órgãos de governo. O projeto, se aprovado, beneficiaria os bancos e causaria enormes prejuízos aos participantes destes fundos, que são patrocinados por empresas como o Banco do Brasil, Petrobras, Caixa, Eletrobras e muitas outras, e pelo Governo Federal, governos estaduais e municipais.

A falácia dos argumentos citados na matéria não se sustenta e o contraponto vem dos dados publicados recentemente pelo próprio Ministério da Economia. O Relatório Gerencial de Previdência Complementar relativo ao 4º bimestre de 2021 aponta que, de 2012 até agosto de 2021, as EFPC brasileiras tiveram uma rentabilidade média de 162,1% e cobram taxa de administração média de 0,27% ao ano para gerir o plano de previdência complementar do participante. Os planos abertos, administrados pelos bancos, tiveram uma rentabilidade média de 108,8% no mesmo período e cobram taxa de administração média de 1,3% ao ano.

Os bancos cobram taxas de administração quase cinco vezes maiores para entregar resultados muito menores. Em outras palavras, se tiver seu dinheiro administrado pela previdência aberta de um banco, o participante da EFPC terá um patrimônio menor e um benefício de aposentadoria no mínimo 33% menor. A diferença fundamental é que a EFPC administra o patrimônio do participante sem visar lucro, enquanto os bancos brasileiros estão entre os mais lucrativos do mundo, engordando seu caixa sugando dinheiro dos seus clientes.

Não custa lembrar ao distinto leitor que Paulo Guedes foi um dos fundadores do Banco BTG e assessorou a privatização da previdência chilena, administrada pelos bancos, que deixou mais de 60% dos idosos daquele país sem aposentadoria e os bancos com os cofres abarrotados de dinheiro dos trabalhadores.

Não custa lembrar, também, que vários prejuízos foram causados aos fundos de pensão brasileiros por gestores de ativos ligados a grandes bancos, como por exemplo a filial brasileira do BNY Mellon, um dos maiores gestores de recursos de terceiros do mundo, que causou prejuízo monumental a um dos grandes fundos de pensão estatais.

Os prejuízos que poderiam ser causados pelo projeto não param por aí. O projeto extingue a obrigatoriedade de representação paritária entre participantes e patrocinadores na gestão da EFPC, bastando para isto que ela administre um minúsculo plano de benefícios de empresa que não seja estatal. Além de permitir a entrega do patrimônio do participante aos bancos, o projeto quer impedir o trabalhador de interferir na gestão de seus recursos.

Outro prejuízo evidente: se o participante transferir suas reservas para a administração de um banco, libera a empresa patrocinadora da cobertura de qualquer insuficiência ou déficit de seu plano de previdência.

Fica evidente que o atual governo defende os interesses dos bancos, em vez de proteger o interesse dos participantes, conforme prescrevem as atuais leis complementares 108 e 109, promulgadas em 2001, e que seriam alteradas pelo referido projeto de lei.

Os trabalhadores precisam lutar contra mais uma tentativa do atual governo de destruir seus direitos.

…………………………………..

* José Ricardo Sasseron foi presidente da Associação Nacional de Participantes de Fundos de Pensão e de Beneficiários de Planos de Saúde de Autogestão (Anapar), diretor eleito de Seguridade da Previ e diretor do Sindicato dos Bancários de São Paulo, Osasco e Região.

* Marcelo Barros é vice-presidente da Anapar e representante dos participantes de fundos de pensão no Conselho Nacional de Previdência Complementar (CNPC). Foi diretor eleito de Seguridade da Previ

(Publicado originalmente no portal Recontaí)

0 Share
FacebookTwitterlinkedinPinterestRedditStumbleuponTumblr
Governo ameaça fundosJosé Ricardo SasseronMarcel BarrosPrevi sob ameaça
Prev Post

Dicas da Previ para a sua declaração do IR

Next Post

Previ divulga resultados dos planos nesta segunda 14. Participe e tire suas dúvidas

More posts

Começa votação do Relatório Anual da Cassi; eleitos e entidades orientam pela aprovação
Destaque

Começa votação do Relatório Anual da Cassi; eleitos e entidades orientam pela aprovação

17 de maio de 202517 de maio de 2025
Resultados de março dos planos administrados pela Previ confirmam solidez e boa governança
GovernançaNotíciasPlano 1Previ Futuro

Resultados de março dos planos administrados pela Previ confirmam solidez e boa governança

15 de maio de 202517 de maio de 2025
Em ‘Encontro Previ Integração’, presidente da Anapar defende protagonismo dos associados na governança dos fundos
GovernançaNotícias

Em ‘Encontro Previ Integração’, presidente da Anapar defende protagonismo dos associados na governança dos fundos

9 de maio de 202515 de maio de 2025

Comments (2)

  1. Acesse para responder
    Geraldo Maia De Farias mar 09, 2022 at 3:03PM

    Quando teremos uma melhoria nos nossos contra-cheques. Só vemos falar que a Previ está bem administrada com resultados altamente satisfatórios. Fica esse Governo infeliz de olho no nosso patrimônio.

  2. Acesse para responder
    Heber Calais abr 22, 2022 at 10:31AM

    Seria o caso APENAS de deixarem-nos em paz.
    Não posso crer que estejamos INCOMODANDO tanto.

Leave a Reply Cancel Reply

You must be logged in to post a comment.


Últimas Notícias

  • Começa votação do Relatório Anual da Cassi; eleitos e entidades orientam pela aprovação
  • Resultados de março dos planos administrados pela Previ confirmam solidez e boa governança
  • Em ‘Encontro Previ Integração’, presidente da Anapar defende protagonismo dos associados na governança dos fundos
  • Previ lança o Pré-Aposentadoria, novo perfil do Previ Futuro indicado para quem está perto da saída
  • Diretoria da Previ faz nesta quarta 30, em Salvador, apresentação do resultado dos planos

Escolha seu assunto

Nossos dirigentes eleitos

Diretoria
Associados Previ Associados Previ
  • Página Inicial
  • Quem somos
  • Contato
Política de privacidade / Associados Previ © 2020 / Todos os direitos reservados