Carlos Neri
A Previ chegou ao final do ano de 2002, após quase 10 anos de governo FHC, que aplicava sobre as estatais uma política de reajuste zero, com ativos um pouco acima de R$ 43 bilhões e um déficit acumulado de R$ 3,6 bilhões.
Sérgio Rosa assumiu a presidência da Previ em 2003 e lá ficou até o final do seu segundo mandato, em 2010. Nesse período, os ativos da Previ saltaram de R$ 43 bilhões para R$ 153 bilhões, ou seja, praticamente foi quadruplicado. Um resultado excepcional, principalmente ao constatarmos que, nesse período, não foram feitos grandes investimentos.
Mas, como isso foi possível? Em primeiro lugar pela postura ilibada, profissional e eficiente que caracterizaram a passagem desse gestor e sua equipe pela Previ. Foi essa linha de atuação que viabilizou uma gestão focada na eliminação de ativos podres e com baixa performance nos resultados. Vários “micos”, como o parque Magic Park em Aparecida do Norte e o Hospital Humberto Primo em SP, foram vendidos.
Mas a maior batalha foi o enfrentamento dos acordos de acionistas (destaque para aqueles realizados com o grupo Opportunity) oriundos do processo de privatização realizado no governo FHC. Nele a Previ entrou com o dinheiro (em alguns casos com quase a integralidade dos recursos), mas não tinha poder de decisão na gestão das empresas privatizadas. O enfrentamento, inclusive no campo judicial, deu bons frutos e a Previ passou a ter voz atuante na administração dessas empresas. Consequentemente, os resultados vieram e a Previ passou a ter superávits sucessivos.
Por conta desses superávits a Previ distribuiu, entre o Banco do Brasil e os associados, mais de R$ 21 bilhões. Foram suspensas as contribuições à Previ por seis anos (representando uma elevação da renda líquida de ativos e aposentados) e os benefícios foram melhorados (criação do Benefício Especial Temporário-BET, aumento de 75% para 90% da média para efeito do cálculo da aposentadoria, melhoria das pensões etc).
Os números da Previ são impactantes. Trata-se de um fundo de pensão exemplar, com um patrimônio sólido, capaz de honrar seus compromissos e dar tranquilidade e segurança aos seus participantes. Porém, pela sua exuberância patrimonial, nosso fundo de pensão também é constantemente cobiçado pelo mercado privado. O momento político que vivemos nos impõe o risco privatista. Nessa hora convem respeitar e prestar atenção naquilo que fala quem esteve por lá, no front de batalha, e obteve sucesso.
Carlos Neri é ex-diretor do Banco do Brasil e ex-conselheiro deliberativo da Previ
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